domingo, 4 de dezembro de 2016

Relato de parto Serena 2011

[Relato de Parto] [hca]
Tive dois partos.

Tinha 27 anos quando engravidei pela primeira vez. Queria parto normal. Achava que um maternidade particular não seria ideal para isso. Optei pelo hospital da Aeronautica, onde o pai dela trabalha. O pré natal foi num médico do plano. A gravidez segundo ele estava normal. Fiz todos os exames que ele pediu. O hospital que o médico particular atendia era perto do da Aeronautica. Era meu plano b.

Não estava com emprego fixo, a doula que vi era muito cara. Isso foi em 2011 quando não tinham muitas doulas. Mas fiz uma aula de yoga para gestantes com um doula e foi muito útil. Foram uns 7 dias antes do parto.

Sempre tive resistência a dor, estava confiante que daria tudo certo. De manhã começaram as contrações doloridas, fui no médico particular e ele me receitou remédio para cólica e repouso. Umas 20hrs as contrações ficaram mais forte e o tal remédio não fazia menor efeito. Estava sozinha em casa. Liguei para o pai e ele veio para casa. Depois falei com uma mãe recém parida sobre os intervalos das contrações e ela confirmou o que eu já desconfiava. Chegou a hora. Não fui mãe que queria ver logo o rosto do filho. Tinha acabado de completar as 38 semanas. Estava feliz porque não seria prematuro.

Chegamos no hospital da Aeronautica. Dois médicos nos receberam. Um era muito amigável, homeopata e já nos conhecíamos de uma consulta. O outro, mais frio e sem paciência. Fiz os exames e confirmou o trabalho de parto. Estava bem, entre uma contração e outra avisei no face que a Serena estava chegando...

Tirei a calcinha para o tal exame de dilatação. As dores vieram e ficava frustrada quando confirmavam que minha dilatação estava pouca. Aí veio a sugestão da ocitocina sintética, medicamento que desconhecia. Ainda não era caso para o uso dela. Mas eu não sabia. Quando me falaram que aquilo aceleraria as contrações aceitei. Só que isso afetou minha consciência, perdi senssibilidade para fazer força. Foi a pior escolha que poderia ter feito.

Achei que ía morrer, desejei uma cesária... Estava acompanhada da minha comadre que só foi liberada as escondidas... e o pai da Serena. Eles me ajudavam a ir na ducha de água morna para aliviar as dores nas costas.

O médico impaciente só entrava no quarto praticamente para medir a dilatação. Em contra partida, o outro médico da homeopatia trazia bola de pilates. Sugeriu o banho. Se preocupava com meu bem estar.

Os dois médicos se alternaram durante o trabalho de parto, que demorou apesar da ocitocina. Eu não conseguia fazer força na hora da contração. Qquando foi quass 7 horas da manhã o médico impaciente me levou para sala de parto. Achei que ainda faltava. Ele não deixou meus acompanhantes entrarem na sala. Cortou minha vagina sem a minha permissão e gritava comigo para fazer força. Acabei fazendo cocô. Fiquei constrangida. E nada da Serena sair. Aí finalmente ele deu o braço a torcer e chamou o outro médico, o homeopata. Dr.Juliano o nome dele. Ele acabou fazendo a função de acompanhante. Segurou minha mãe na hora da contração, deu mais força a minha força. E o parto normal, não natural, não humanizado, aconteceu.

Eu só pensava que a dor tinha passado, quando caiu a ficha de tudo já estavam tirando minha filha do meu colo. Não amamentou, trocamos olhares rápidos. Estava curiosa para saber como ela era. Nossos olhares eram mutuamente curiosos. Mais ainda não ficaríamos juntas. Ela foi tomar banho e eu tinha que ter meu clitóris custurado. Não entedia porque levava aqueles pontos. Achava que parto normal, pariu acabou médico. Estava com fome, tinha vomitado o lanche da noite anterior. Já era de manhã. Virei a noite. Estava exausta. Acho que só não perdi a paciência com o médico que me violentou num momento tão especial porque mau ou bem era ambiente profissional do pai da Serena.

Enfim, de volta ao quarto minha comadre me mostra a foto que ela tirou no celular da Serena com o pai na porta da sala de parto. E eu nada de ver minha filha porque estavam fazendo exames. Finalmente ela chegou, com uma roupinha rosa, cheirando aos perfuminhos de nenem. Não sabia como é importante deixar a pele do bebe se 'limpar sozinha'. Seguimos para amamentação, a primeiro momento foi tudo bem. Ela era boa de bico. Eu só não sabia o que fazer para tirá-la quando o seio ficasse vazio e mudar para o outro. Aí eu saía puxando na guerra, rs. Machuquei meio seio assim. Só conseguia amamentar usando bico de silicone. Depois aprendi que era só colocar o dedinho midinho no cantinho da boca que ela soltava a pressão.

O pai quis ir faxinar a casa, fazer uma camisa com a foto da Serena, ir no cartório. Tudo no primeiro dia do pós parto. Ele tem mutio problema com intimidade e prefere ser prestativo do que ficar junto. Confesso que senti o peso de estar solo com a Serena. Aos poucos fui sentindo ele próximo como família. Hoje em dia, 5 anos depois, se deixar ele nem pede minha opinião.... mas nos primeiros meses e principalmente primeiros dias ele achava que a Serena só precisava de mim. Então ele ía ser útil fazendo qualquer coisa, menos ficando pertinho. Ainda bem que com o tempo ele saiu desse abismo e hoje é um pai presente. Apesar de termos nos separado há 2 anos.

Na saída da maternidade um susto. Meu médico do plano não pediu o exame da rubéula. Eu tive durante a gestação. E essa doença dá má formação. Não queriam nem deixar a gente ir para casa antes de checar se não teve má formação. Mas fomos para casa. E com 6 dias rodamos o rio fazendo exame. Estava tudo bem. Mas foi um dia estressante. Amamentei até 1 ano e 3 meses. E quando a Serena tinha 2 anos e dois meses, engravidei pela segunda vez do mesmo pai.